Triste é ser um número primo. Ele está ali, sempre sozinho. Seu coração só pode se dividir por ele mesmo, o que dá apenas uma parte, ou por 1, que dá ele mesmo. Triste é ser um número primo. Seu coração nunca poderá ser dividido por dois, nunca será feliz. Triste é ser um número primo. Há muitas pessoas tentando colocar ordem em seus familiares, porém, essa ordem nunca incluirá ser divisível por dois. Permanecerá sempre sozinho e a medida que sua família cresce e tende ao infinito, menos amigos ele encontra. O infinito é tão sem regra e tão solitário como ele se encontra agora.
Por outro lado, nesse caso a grama do vizinho é sim mais verde. Números pares são felizes. Sempre podem dividir-se por 2. Sempre podem ter sua vida " simplificada''. São felizes como os quadrados perfeitos que podem ter filhos gêmeos que ao serem multiplicados se tornam a 'imagem e semelhança' dos pais...
Triste é ser uma constante. Uma vida monótona e sem graça. Inveja a vida de uma variável, sempre em constante mudança, imprevisível, muitas vezes incalculável.
Como é feliz a senhorita raiz, que não conhece o lado negativo das coisas reais. Também pudera, raízes negativas só são concebíveis no mundo imaginário, onde a ordem não existe e poucos de fato o entendem. Mas quem pode imaginar que a senhorita raiz, sempre positiva, sabe o que é a distância? Logo a distância, uma das coisas mais negativas para nós, é íntima da raiz. Quanta contradição, quanta irracionalidade envolve essa querida raiz.
Triste é ser uma equação da circunferência, que não tem liberdade. Tem que ficar nos limites do raio e tem sua casa totalmente centralizada.
Estranho é a família das retas paralelas. Um dia elas não se encontram no outro elas se encontram no infinito. Elas não tem pontos em comum... mas TEM um ponto em comum... só que ninguém vê, porque estão no infinito. Visitam frenquentemente o psiquiatra pra resolver esse conflito interno. Aiai, essas retas que não tem limites, sorte que as suas filhas, semiretas são um pouco mais centradas e definidas!
E na maternidade euclidiana... mais histórias são contadas...Uma belo dia um x se apaixonou por um y e assim deram vida a uma função. Adoravam crianças. Função afim, quadrática, exponencial, elíptica, modular, hiporbólica, seno, cosseno, cossecante, tangente, cotangente... Mas como nem tudo são funções definidas...
Triste é ser uma função exponencial... por mais que se aproxime do seu objetivo, ela nunca chega lá. Não é como a família de paralelas que tem uma noção de quando elas podem chegar a se entender e ter pontos em comum, a coitada da exponencial não está infinitamente longe... e sim infinitamente perto do seu objetivo! E sempre mais perto... O que a leva a um psiquiatra também, para entender o motivo desse fracasso de vida eterno.
Também há de se verificar de que tipo de infinito estamos falando.. Seria um infinito Natural – embora o conceito de infinito não seja tão natural assim – ou Real? – embora de fato “infinito” não venha a ser nada além de um conceito.
Triste é ser o pi... totalmente irracional e as pessoas vivem se “ aproximando’’ dele para obter resultados. A circunferência vive aproveitando da sua boa vontade, pois a danada não sabe achar suas dimensões sozinha. Aliás, a tal de circunferência é totalmente preguiçosa, não faz nada sozinha e ainda se acha uma perfeição ! Ela até chegou a acreditar que o universo girava segundo suas leis e quis MATAR Kepler quando ele a rebaixou por uma elipse.
“Abra a mente para a Matemática, e veja o mundo com outros olhos”