Talvez de todos os sentimentos, um dos mais devastadores seja a saudade. Falar de saudade é batido, clichê e ninguém se importa porque não é novidade. Porém, incrivelmente, descobri que era novidade para mim. Não a saudade que é saciada em um dia, ou em uma semana, ou em um mês, mas sim a saudade na qual se tem a consciência de que não vai ser saciada tão cedo. Talvez essa consciência seja o que liga o botão mais desesperador das nossas mentes, a impossibilidade de se livrar da saudade. Quando você está com raiva, basta morder a própria mão. Ou berrar com alguém. Ou simplesmente ir dormir e começar um outro dia, já que quando acalmamos a nossa mente, repensamos certos motivos para estarmos com raiva e nos acalmamos. Se você estiver triste, você pode simplesmente comer muito doce, ou ir no cinema. Ou chorar até morrer e ir dormir que no outro dia as coisas melhoram! Agora a saudade não tem abrandamento, não diminui com o tempo, você pode comer o que quiser, gritar com quem você quiser que no fim do dia você continua com saudade. Você pode dormir, que no outro dia a saudade continua lá. Um sentimento de vazio que não se preenche com nada além do objeto de saudade. Nunca tinha sentido nada parecido, um tipo de desespero contido, pois sabemos que se desesperar também não vai adiantar. Nada adianta. O que adianta é esperar, o que continua não sendo suficiente para o agora. Não há preparação para a saudade. Se você é pego de surpresa, o vazio se instala. Se você recebe o aviso prévio de despejo e tenta se preparar, também não adianta nada, pois inconscientemente você so pensa em aproveitar o tempo que tem e esquece de fechar todas as frestas por onde a dor vai passar. E, quando tudo se vai, você percebe que a torneira estava aberta, a porta escancarada e a janela esquecida em plena chuva que molha tudo. E quando seca mofa.
sexta-feira, 15 de setembro de 2017
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